sábado, 8 de abril de 2023

"O Colibri" fala sobre escolhas e caminhos que nós decidimos seguir.


A vida é feita de escolhas, de caminhos que decidimos seguir, mas nem tudo o que planejamos pode realmente se concretizar. 

Como diria Drummond, existem pedras no meio do caminho, escolhas que devemos fazer, pessoas com as quais a gente cruza e que ficam para sempre e outras que a gente perde de maneira inesperada e que fazem com que a gente comece a trilhar um novo caminho para fugir da dor ou, talvez, suportá-la.

Mas o que teria a ver um colibri nesse caminho todo que percorremos?

Pra quem não sabe, colibri é uma especie de beija-flor e são os únicos pássaros que conseguem andar pra trás e pra frente e é nesse ir e vir que a diretora Francesca Archibugi nos presenteia com "O Colibri", filme que estreia no próximo dia 13 de abril nos cinemas e que traz no elenco Pierfrancesco Favino (Marco Carrera), Bérénice Bejo (Luísa Lattes), Benedetta Porcaroli (Adele Carrera) e Nanni Moretti (Daniele Carradori).

No longa, que é baseado no romance homônimo de Sandro Veronesi, acompanhamos de maneira não linear, a história de Marco Carrera e sua família. Seus amores, suas dores, perdas que vêm e vão de forma abrupta em todas as fases de sua vida.

É bonito ver como Francesca Archibugi trabalha a história, como ela movimenta a câmera num estilo que lembra muito as tomadas de Câmera de Paolo Sorrentino e como esses fast fowards e rewinds na narrativa, acompanham esses movimentos de câmera e fazem com que a gente se prenda à vida desse médico fã de The Clash.

Aliás, tudo da vida de Marco Carrera é belo e extremamente triste. À primeira vista parece que ele é passivo diante de tudo que se passa a seu redor, mas à medida que vamos conhecendo esse homem mais a fundo, a gente se coloca no lugar da personagem e percebemos o quanto seu sofrimento o faz não só amadurecer como também tomar uma das decisões mais difíceis no final de sua vida.

As perdas que todos nós temos enquanto estamos vivos nos machucam de maneira desoladora. Falta chão, falta ar e a dor nos provoca feridas profundas que, com o passar do tempo, se tornam cicatrizes, mas que incrivelmente nos tornam mais fortes. Força essa que não imaginamos que possa haver dentro de nós.

Talvez tenha sido isso que a diretora Francesca Archibugi tenha querido provocar em nós. Talvez ela tenha querido que revisitássemos a nossa vida e refletíssemos sobre tudo o que passamos e sobre todo o desconhecido que está por vir.

Pra quem for assistir a esse lindo filme italiano, é melhor preparar a caixa de lenços pois, pelo menos pra mim, foi impossível passar por ele sem chorar e lembrar das perdas recentes que ainda doem (e muito) dentro de mim. 

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