quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A Conferência mostra o pior lado de quem estava por trás do nazismo


Berlim, 20 de janeiro de 1942. Numa sala simétrica e muito bem arrumada, um grupo do alto escalão alemão nazista, majoritariamente masculino - sendo apenas uma espécie de secretária a única mulher - se reúne com o único objetivo de discutir maneiras de se exterminar com todos os judeus da Europa.

A Conferência, longa dirigido por Matti Geschonneck,  e que estreia nos cinemas em 3 de novembro, é baseado na Conferência de Wanssee realizada em Berlim, em 1942.

Ambientada num enorme casarão com interior pouco iluminado, o que confere ainda mais o clima de terror dessa época nazista, o filme não parece ter sido dirigido apenas para mostrar os requintes de crueldade e os planos diabólicos de se exterminar cerca de 11 milhões de judeus.

Não há absolutamente nada no roteiro que mostre um traço mínimo de humanidade entre aquelas pessoas. Discuti-se a morte como se estivesse decidindo o menu no próximo jantar.

É um filme incômodo, indigesto, que mostra detalhes de um plano que não se concretizou por completo, mas que ceifou a vida de 6 milhões de judeus.

De certa forma lembra o polêmico "O nascimento de uma nação", dirigido por D. W. Griffith mostrando mesmo que, assim como os negros eram pedra no sapato dos membros da Ku Klux Klan, os judeus, fossem eles mestiços com os alemães ou não, eram escória, seres desprezíveis e que a única solução pra eles era a morte.

Numa época em que muitas pessoas conversam com o nazismo querendo desenterrá-lo, um filme como esse deixa de ser o registro de uma época e passa a ser uma bomba nas mãos de quem flerta com o fascismo e acredita que existe sim uma raça superior às outras.

A Conferência mostra que ideias que pensou-se ser parte de um passado já morto, estão aí vivas e fortes prontas para serem desenterradas no século XXI.

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