Desterro, novo filme de Maria Clara Escobar, estreia amanhã (22/09) nos cinemas e é um filme cheio de som.
Som esse não apenas de objetos sendo abertos, água escorrendo dos céus. Por mais sutil que seja, Desterro podia ser "Cotidiano"de Chico Buarque e no silêncio de uma cozinha que nos apresenta sempre Laura e Israel, enquanto ela faz o chá e ele abre o pacote de pão, podia-se ouvir ao fundo "todo dia ela faz tudo sempre igual...", mas não.
O que ouvimos em Desterro são o olhar triste e perdido de Laura. É o desespero da corrida de Israel. São as imposições que a sociedade coloca na vida alheia diariamente, a burocracia no traslado de um corpo de fora do país.
São raros os momentos felizes e nem na foto de um simples RG se pode sorrir.
Tudo o que rodeia aquela família é extremamente sonoro. É a faca em atrito com o pão, a respiração, o tilintar da colher na xícara de chá a notícia de uma catástrofe que ofusca o momento de um parabéns de uma festa infantil.
Aliás, tudo na mente de Laura é catástrofe. Há poesia em se morrer com o fim do mundo. "Deve ser lírico" - ela diz.
Desterro é poético, é político é real. Sutil e são nos sons e nas entrelinhas que a gente mergulha na dor humana. Desterro é o som que nossa mente não consegue suportar.
Procure o cinema com melhor som e mergulhe nos sentimentos de Laura e Israel. E se for esperar pra ver num futuro numa tela melhor, use fone, pois Desterro é um filme para sentir e ouvir e não somente ver.
quarta-feira, 21 de setembro de 2022
Desterro é o som que não podemos suportar
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