Valdo é um adolescente que cursa o ensino médio, faz rap e sonha em ser jogador profissional. Não gosta dos estudos já que num mundo tão desigual tem que sobreviver de alguma forma.
Ambos são frutos de uma sociedade injusta, de um governo que não se preocupa com o pobre e de uma população que idolatra a milícia e a extinção dessa parcela pobre da população.
Podíamos aqui estar apenas falando de ficção, mas a gente sabe que o enredo de "A mãe, filme dirigido por Cristiano Burlan e que estreia nos cinemas no próximo dia 10 de novembro, extrapola o fictício e nos mostra que em pleno 2022 a ditadura militar permanece em forma de uma polícia que discrimina, tortura e mata, pois é essa a solução que muitos veem para acabar com a miséria que está cada vez maior e mais presente em nosso país.
Vencedor de vários prêmios no Festival de Cinema de Vitória, "A mãe"traz Marcélia Cartaxo como Maria, numa atuação comovente e que mostra o quão é sofrido viver no Brasil dos dias atuais.
O que acontece com Maria acontece diariamente nas periferias brasileiras. Mães procuram seus filhos e tentam entender o porquê vidas são ceifadas tão precocemente e o porquê não há igualdade e oportunidades para todos.
A câmera de Cristiano Burlan é observadora, parece estar sempre à espreita e faz com que imaginemos o teor do bilhete escrito por Valdo antes de sair para não voltar mais e o que ele levava dentro da mochila que faz com que a polícia militar resolva executá-lo.
"A mãe"é um filme duro, podia até mesmo ser documental e mostra que mesmo quem está dentro da comunidade é pressionado pelos chefões que dizem proteger o lugar e fora dele nem a polícia civil e nem a militar ampara quem é pobre, negro, marginalizado.
Há de se demorar muito para se ter um mundo mais igualitário, justo e o filme de Burlan só mostra que essas pessoas vivem sob o medo e que muitas vezes o som do cotidiano são ofuscados pelas batidas fortes do coração acelerado que não tem um minuto de paz e serenidade, pois assim como o poeta já nasce com a palavra dentro dele, o pobre já nasce com um destino injusto traçado e poucos são os que conseguem se livrar desse destino.

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