31 de dezembro, meia-noite, um novo ano está prestes a começar. Não tem como não fechar os olhos e, num tilintar suave, lembrar das palavras de Willy Wonka em "A Fantástica Fábrica de Chocolate"- "Close your eyes, make a wish" (Feche os olhos e faça um pedido).
Aprendemos desde pequenos que o início de um novo ano é um marco e quase nunca passa pelas nossas cabeças que ele pode ser apenas uma continuação, mas todos temos os nossos rituais.
Seja pular 7 ondas, comer 12 uvas ou sementes de romãs. Cada tribo tem o seu hábito. Cada religião o seu costume, mas algo que pertence a todos os povos, seja ele qual for, é a queima de fogos, o show da pirotecnia.
Luminosa e barulhenta ela nos anuncia que um ano está prestes a começar, parece queimar tudo o que de ruim se foi e dar luz ao incerto que virá.
"Poetas do céu" é um documentário dirigido por Emílio Maillé, que estreia com exclusividade no Petra Belas Artes, no próximo dia 28 de julho, e que conta a história das pessoas que vivem da pirotecnia e trazem ao mundo mais do que apenas luzes ao céu, pois os fogos de artifício nos oferecem histórias e constróem pinturas incríveis que, estourados também durante o dia, formam desenhos que se assemelham aos aliens do filme "A Chegada", dirigido por Denis Villeneuve.
Logo que o documentário começa nos sentimos parte dele. Acompanhamos algumas pessoas dos mais diversos lugares do mundo como se caminhássemos para conhecer um pouco da vida de cada um. Na verdade somos os olhos que guiam a câmera e cada uma delas ali tem como principal função trazer alegria e esperança às pessoas através de fogos de artifício, sejam eles queimados no início de um ano novo ou em alguma comemoração importante como o dia de Santa Bárbara, a protetora dos pirotécnicos e fogueteiros.
Emilio Maillé nos entrega paixão e com maestria não precisa nos mostrar o queimar dos fogos a todo momento. Em um plano aberto incrível, vemos o criador diante de sua obra, mas não vemos a obra, só a ouvimos, mas sabemos bem o que se passa diante dos olhos daquele criador e do que ele sente diante dela. Naquele momento ele é um Deus e é só sua imagem que interessa.
O ser humano sempre foi fascinado pelo fogo e dessa fascinação veio a arte da pirotecnia.
Ao longo dos 102 minutos de filme, vemos que famílias trabalham o ano todo na fabricação de fogos de artifício e a pólvora, elemento fundamental que sempre foi ligada à bomba, na mão dessas pessoas é arte.
Só que, ao produzir esses fogos, não há apenas beleza, elas estão expostas ao perigo e, apesar da felicidade da produção, há também o medo e a emoção.
"Poetas do céu" é poema por meio de imagem. É se sentir parte do universo da pirotecnia e estar próximo do sentimento das pessoas que constróem e nos trazem esperança a cada estouro, fogo e luz. Vale cada segundo.

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