segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Mato Seco em Chamas é o Brasil sem máscaras


Três mulheres, Leia, Chitara e Andrea, da favela Sol Nascente, na Ceilândia são conhecidas como as gasolineiras de Kebradas e suas histórias são conhecidas dentro e fora das paredes da Prisão Feminina de Brasília. Refinando o petróleo que elas mesmas extraem e revendendo o produto a motociclistas, elas lutam pelo petróleo, que deveria ser um produto do povo Num misto de ficção com documentário, Adirley Queirós e Joana Pimenta, mostram, ao espectador, um Brasil nu, cru e sem máscaras, que revela o quanto padece a população mais necessitada do país. Mato Seco em Chamas estreia no próximo dia 23 de fevereiro nos cinemas e traz no elenco mulheres fortes e reais. Mulheres destemidas que lutam diariamente por um país mais justo. País esse que não dá oportunidades e que oferece o crime como algo compensador, apesar de se saber que ele traz também sérias consequências. O mais interessante do filme é o fato das atrizes não serem realmente atrizes, serem mulheres reais que passam dificuldades, foram presas e lutam por seus filhos e para sobreviver. Mesmo estando diante de partes ficcionais que lembram o filme Mad Max (1979) de George Miller, Mato Seco em Chamas é potente e político, é corajoso em mostrar qual recurso que o Distrito Federal usa para se acabar com o tráfico de drogas e que, mesmo num país futurista, liderado por mulheres, que querem tudo mais digno e justo, não se tem um só dia de paz. Nada no filme é rebuscado. A iluminação é quase sempre amarelada e cercada de fogo. O figurino lembra mesmo ao de Mad Max e há o contraste entre a fé e o fanatismo político, esse último que veio a eleger um genocida ao poder. Mato Seco em Chamas denuncia e sufoca. Clama por urgência na resolução da desigualdade que assola não só a Ceilândia, mas todo país e prova que mulheres não são um sexo frágil, são lobas, leoas e líderes e que, em sua maioria sozinhas, são independentes e estão dispostas a fazer qualquer coisa para sobreviverem, afinal, num país que prega um Brasil acima de tudo e Deus acima de todos, não há nada o que se pode fazer a não ser lutar e sobreviver.

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