domingo, 24 de julho de 2022

Virar mar traz ao espectador mais do que a importância da água


Não tem como assistir "Virar Mar", filme dirigido por Philipp Hartman e Danilo Carvalho, numa co-produção Brasil e Alemanha e não se lembrar do livro "Os Sertões", de Euclides da Cunha, em que o beato Antonio Conselheiro diz que "o sertão vai virar mar".

Alternando ora o município de Forquilha, no Ceará e ora os pântanos de Dirthmarchen, na Alemanha,  ora ficção e ora realidade, o longa com 84 minutos traz ao espectador a realidade da água em dois países completamente diferentes e o quanto tê-la em abundância e não tê-la é desesperador.

O fato é que tanto em Forquilha quanto em Dirthmarchen, a população vive preocupada e com esse elemento tão fundamental na vida do ser humano. Porém, em ambos os países a preocupação é totalmente oposta já que Forquilha sofre com a falta de água, vive em seca quase extrema, que está sendo cada vez mais constante e o pouco que tem, acaba sendo tão poluída que nem Jesus, se estivesse vivo, conseguiria caminhar sob as águas. e, em Dithmarchen, a cidade se prepara para ser inundada já que essa parece ser a única opção para o problema do elevado aumento do nível das águas do mar e construir diques cada vez mais altos parece não resolver mais o problema.

É importante frisar que essa discussão sobre os problemas hídricos tem ganhado cada vez mais espaço e "Virar mar"faz a gente questionar sobre o que o ser humano está fazendo para amenizar os problemas climáticos cada vez mais presentes em nosso cotidiano.

Nenhum dos dois diretores em nenhum dos dois países pretende solucionar o problema da água. Eles apenas escancaram que a água é muito importante e ninguém está realmente preocupado com seu real valor e ninguém parece realmente pensar no que vai ocorrer no futuro.

"Vira mar" é um filme contemplativo, reflexivo e poético. Combina documentário e ficção e  tem estreia marcada para o próximo dia 28 de julho.


sexta-feira, 22 de julho de 2022

"Poetas do céu" estreia trazendo mais do que pirotecnia para as telas.


31 de dezembro, meia-noite, um novo ano está prestes a começar. Não tem como não fechar os olhos e, num tilintar suave, lembrar das palavras de Willy Wonka em "A Fantástica Fábrica de Chocolate"- "Close your eyes, make a wish" (Feche os olhos e faça um pedido).

Aprendemos desde pequenos que o início de um novo ano é um marco e quase nunca passa pelas nossas cabeças que ele pode ser apenas uma continuação, mas todos temos os nossos rituais. 

Seja pular 7 ondas, comer 12 uvas ou sementes de romãs. Cada tribo tem o seu hábito. Cada religião o seu costume, mas algo que pertence a todos os povos, seja ele qual for, é a queima de fogos, o show da pirotecnia. 

Luminosa e barulhenta ela nos anuncia que um ano está prestes a começar, parece queimar tudo o que de ruim se foi e dar luz ao incerto que virá.

"Poetas do céu" é um documentário dirigido por Emílio Maillé, que estreia com exclusividade no Petra Belas Artes, no próximo dia 28 de julho, e que conta a história das pessoas que vivem da pirotecnia e trazem ao mundo mais do que apenas luzes ao céu, pois os fogos de artifício nos oferecem histórias e constróem pinturas incríveis que, estourados também durante o dia, formam desenhos que se assemelham aos aliens do filme "A Chegada", dirigido por Denis Villeneuve.

Logo que o documentário começa nos sentimos parte dele. Acompanhamos algumas pessoas dos mais diversos lugares do mundo como se caminhássemos para conhecer um pouco da vida de cada um. Na verdade somos os olhos que guiam a câmera e cada uma delas ali tem como principal função trazer alegria e esperança às pessoas através de fogos de artifício, sejam eles queimados no início de um ano novo ou em alguma comemoração importante como o dia de Santa Bárbara, a protetora dos pirotécnicos e fogueteiros.

Emilio Maillé nos entrega paixão e com maestria não precisa nos mostrar o queimar dos fogos a todo momento. Em um plano aberto incrível, vemos o criador diante de sua obra, mas não vemos a obra, só a ouvimos, mas sabemos bem o que se passa diante dos olhos daquele criador e do que ele sente diante dela. Naquele momento ele é um Deus e é só sua imagem que interessa.

O ser humano sempre foi fascinado pelo fogo e dessa fascinação veio a arte da pirotecnia. 

Ao longo dos 102 minutos de filme, vemos que famílias trabalham o ano todo na fabricação de fogos de artifício e a pólvora, elemento fundamental que sempre foi ligada à bomba, na mão dessas pessoas é  arte.

Só que, ao produzir esses fogos, não há apenas beleza,  elas estão expostas ao perigo e, apesar da felicidade da produção, há também o medo e a emoção. 

"Poetas do céu" é poema por meio de imagem. É se sentir parte do universo da pirotecnia e estar próximo do sentimento das pessoas que constróem e nos trazem esperança a cada estouro, fogo e luz. Vale cada segundo.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

"Boa sorte, Léo Grande" e como nenhuma mulher está realmente preparada para envelhecer


Já disse David Bowie: "Envelhecer é um processo extraordinário em que você se torna a pessoa que você deveria ter sido".

Partindo dessa ideia, ambientado quase que unicamente dentro de um quarto de hotel, "Boa sorte, Léo Grande", que estreia dia 28 de julho nos cinemas,  nos mostra o quanto envelhecer pode ser extremamente difícil.

Não são só os cabelos que ficam brancos ou a pele que começa a ficar flácida e enrugada. Nem sempre a mente acompanha os processos do corpo e Nancy, interpretada brilhantemente pela atriz Emma Thompson,  revela para o espectador que, mesmo com mais de 60 anos, uma mulher pode querer ser desejada como se tivesse 20.

O grande problema é que, na realidade, a gente sabe que não é assim. Para a mulher, o peso da idade avançada é avassalador e muitas vezes até, destruidor.

Dirigido por Sophie Hyde, "Boa sorte, Léo Grande" conta a história de Nancy, uma professora de 63 anos que, viúva há 2, resolve contratar um garoto de programa, Léo, interpretado por Daryl McCormack para tentar ter algo que nunca teve: um orgasmo.

Extremamente organizada, cheia de regras como um quarto bem arrumado de hotel, Nancy vai se despindo, a cada encontro com Léo, de suas roupas, de seus pensamentos retrógrados e de uma vida em que ser a esposa e mãe perfeita a levou ao comodismo e à frustração.

Até mesmo a câmera possui as mesmas características de Nancy. Tímida e receosa, de início, ela não nos mostra a primeira transa entre os dois e à medida que a personagem vai se modificando ela também  inicia a sua transformação, sem receio de despir a personagem de suas roupas e pudores.

"Eu poderia ter feito muitas coisas se não tivesse sido mãe", diz ela em uma das conversas com Léo.

Assim como em "A filha perdida", de Maggie Gyllenhaal,  "Boa sorte, Léo grande"  aponta que a mulher é sempre muito cobrada  e nem todas têm a ousadia de Leda, de "A filha perdida", de abandonarem tudo para viverem como querem viver. 

Diferente de Leda, Nancy só toma uma atitude na velhice, já viúva. 

É ao contratar um jovem inteligente e certo de sua profissão, que ela encontra a vida que não viveu, a coragem de fazer o que sempre desejou, que se desnuda pra ela e para o público para se reconhecer como mulher.

Sophie Hyde acerta em todos os sentidos e nos traz um tema cada vez mais necessário.  Ela nos mostra o quanto é difícil para as mulheres falarem sobre sexo, o quanto é difícil aceitar o próprio corpo, como a mulher é vista como alguém que não pode sentir prazer. Mostra também que a sociedade é hipócrita e Emma Thompson cumpre com excelência o papel a que ela se propõe.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Minions 2: A origem de Gru



Poderia ser Indiana Jones ou até mesmo James Bond, mas tudo o que você vai encontrar em Minions 2: A origem de Gru, é Gru e seu exército de Minions.

Desde sua abertura, que remete a 007, Minions é repleto de referências e quem é bom conhecedor de filmes, consegue captá-las rapidamente e talvez seja isso o que mais atraia nessa animação dirigida por Kyle Balda e Brad Ableson.

Minions 2: A origem de Gru conta a história de como tudo começou.

Fanático por maldades já desde criancinha, o maior sonho de Gru era fazer parte do sexteto sinistro - aqui talvez uma alusão ao Quarteto Fantástico, mas que por serem do mal, são 6 ao invés de 4 - e chamado para uma entrevista, que pra Gru, é uma oportunidade única e incrível, ele acha que finalmente entrará para o mundo da maldade.

Tudo iria muito bem se, ao chegar lá, ele não se deparasse com um quinteto - a essa altura eles já tinham se livrado do membro mais velho da equipe - que estava à procura de um malvado veterano e não de uma criança com o desejo de ser um grande vilão.

Ao ser dispensado e, claro, inconformado, Gru decide furtar a joia do zodíaco para mostrar ao quinteto que eles haviam cometido um erro imenso ao dispensá-lo.

Claro que esse furto não era nada simples e é a partir dele que toda a saga de Gru e seus companheiros Minions se inicia,

Tendo a pedra perdida, Gru acaba sequestrado por Willy Kobra enquanto os Minions Otto, Kevin, Stuart e Bob se separam para tentar recuperar a joia para Gru.

Talvez a gente espere mais de Gru, espere mais dos Minions e que a citação de tantos filmes que ele aborda seja mais aprofundada, mas não. Mesmo sendo uma animação com 90 minutos, ela acaba sendo cansativa e são poucas as piadas que realmente divertem
.

Boa diversão mesmo é por conta das referências que o filme aborda e da trilha sonora que, assim como nos filmes anteriores e em muitas animações, é digna de uma ótima playlist.





"Criaturas do Senhor" traz Paul Mescal e Emily Watson em discussão sobre abuso e maternidade.

Se você é mãe está lendo este texto, o que você faria para defender o seu filho? Acredito que muitas aqui responderiam a essa pergunta dizen...