As relações humanas são de certo complicadas. Amores vêm, vão, mas de certa forma estamos sempre ligados ao que já passou. O fim, talvez não seja definitivo já que não se é possível apagar a memória.
Demonstrando essas relações em 3 histórias que deveriam se ligar, mas acabam de certa forma sendo distintas, Hong Sang-soo chega aos cinemas no próximo dia 1º de setembro com o filme "Encontros".
Com apenas 66 minutos, Encontros mostra como são as relações amorosas, sejam elas entre pais e filhos homens e mulheres ou amigos.
A primeira história começa com o desespero de um pai, médico, pedindo a Deus que o ajude num pedido de socorro que nós, espectadores, não temos a mínima ideia do que seja. Imaginamos talvez ser uma doença já que ele havia pedido para o filho ir visitá-lo, coisa que, entendemos, fazia muito tempo que ele não o fazia. Porém, o que vemos é um pai muito mais amigo e caloroso com um grande ator dos teatros da Coreia que passa com ele em consulta do que com o filho a quem ele não via há um bom tempo.
Na segunda história, vemos uma mãe que acompanha a filha em uma viagem à Alemanha. Assim como na primeira história, à primeira vista parece uma relação fria, apesar de percebermos que se trata de uma mãe super protetora que quer ter certeza de que a filha ficará bem durante seus estudos em terras estrangeiras e não se sente confortável quando a filha diz que vai se encontrar com um amigo, na verdade namorado, que a visita inesperadamente.
Pra fechar o longa, a terceira história volta à Coreia e vemos o filho (presente na primeira historia e na segunda, como o namorado da estudante) agora reencontrando a mãe, que desta vez está acompanhada do importante ator da primeira história. De novo parecem relações familiares mais frias enquanto se há mais cumplicidade com aqueles que parecem mais amigos.
Talvez a gente fique esperando que as histórias se liguem, que se completem, mas elas não se fecham. Por uma linha de raciocínio ou outra presente em cada uma, cabe a nós deduzirmos qual o destino de cada personagem e o que as levou ao próximo ponto da história.
O longa parece não se passa em um teatro, mas poderia facilmente se passar. As falas e os trejeitos condizem mais com os palcos do que com a película e num tom meio novelesco Sang-soo abusa de zoom-in e zoom-out numa fotografia em branco e preto.
É um filme curto e ótimo para ficar remoendo e pensando no que Sang-soo quis nos apresentar e, talvez esteja no mar a resposta que procuramos para todas essas relações, talvez seja ele a linha que une essas três histórias, afinal, como nos diz Caymmi, "o mar, quando quebra na praia é bonito, é bonito".
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