Chega um dia que tudo começa a dar errado. Você tem dívidas, seu restaurante é interditado pela Vigilância Sanitária e sua cachorra, única companheira morre.
Se fosse Joel, de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, filme dirigido por Michel Gondry, com certeza ia preferir contratar alguém para apagar sua mente, mas Pedro, interpretado brilhantemente por Tony Ramos, decide fazer outra coisa para apagar essa série de desgraças que acomete sua vida.
45 do 2º tempo, longa dirigido por Luiz Villaça, que estreia no próximo dia 18 de agosto nos cinemas, mostra as tristezas e a decisão de Pedro, de pôr fim à própria vida pra solucionar seus problemas.
Num reencontro com os amigos de infância Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França), após repetirem, 40 anos depois, uma foto tirada na inauguração do metrô em 1954, os três se juntam em suas crises existenciais e fazem um balanço da vida que escolheram, percebendo que nem todas as decisões foram boas e prósperas.
São três homens infelizes com as próprias vidas e parece que, pelo menos para Pedro, a ideia de ir para a cidade onde costumavam passar as férias, é a única atitude certa pra fazer antes de morrer.
Além das atuações incríveis de Tony Ramos, Cássio Gabus Mendes e Ary França, Luís Villaça faz um ótimo trabalho com as câmeras que nem sempre precisam mostrar ao espectador o que aquelas três figuras tão próximas veem e sentem.
Tanto a cena em que Pedro mostra que sua cachorra e companheira, Calabresa, estava morta dentro de um freezer de seu restaurante, quanto a cena em que os três decidem reviver um momento de infância tomando banho na caixa d'água da cidade, Villaça nos presenteia com a excelente atuação dos três atores e, na nossa mente, a gente imagina a figura da cachorrinha morta e a felicidade do banho revigorante nas águas da caixa d'água.
Aliás, apesar da temática melancólica, 45 do 2º tempo é um filme leve, divertido que faz com a gente se lembre daqueles almoços de família italianos sempre regados a muito falatório, palavrão, vinho e uma bela massa.
Não é um filme italiano dirigido por Paolo Sorrentino e nem tem Toni Servillo no papel principal, mas o nosso Tony brasileiríssimo dá um show e vem mostrar que o cinema nacional é grandioso e que os problemas da tela são problemas da vida real e o futebol e a verdadeira amizade pode acalantar e abrilhantar nossos piores momentos e cabe a gente aproveitar o máximo da vida até o fim.

Nenhum comentário:
Postar um comentário