Se "Meu álbum de amores" fosse uma música, com certeza seria "Amor Perfeito", de Roberto Carlos.
Júlio fecha os olhos pra não ver passar o tempo, diz que sem sua amada não consegue viver e nesse recém rompimento de relacionamento, descobre que seu pai não era realmente seu pai.
Dirigido por Rafael Gomes e com músicas de Odair José e Arnaldo Antunes, "Meu álbum de amores", que tem estreia nacional no próximo dia 18 de agosto, conta a história do dentista Júlio. Um jovem com seus vinte poucos anos, bem sucedido e "certinho"que, a partir do término de seu namoro de 5 anos com Alice, ganha um meio-irmão músico e, da desconstrução que vira a sua vida, percebe que ele não conhecia nem o seu verdadeiro pai e nem a si mesmo já que começa a questionar sua carreira e, até mesmo, a vida que sempre levou.
O fato de descobrir que é filho de Odilon Ricardo, um dos maiores nomes da música brega do país, leva Júlio a perceber que sua vida não era pacata e previsível. Aliás, o diretor Rafael Gomes, por meio de jogo de luzes e diálogos teatrais, mostra ao espectador, e ao próprio protagonista. que a vida está mais pra cores psicodélicas e vibrantes do que para monótonos tons pastéis.
O filme não conta com uma assistente virtual como a Samantha de Her, título de Spike Jonze, mas o sofrimento pelo qual Júlio passa, se assemelha muito ao sofrimento de Theodore na trama de Jonze.
Perdido e desorientado, assim como Theodore, Júlio se acha obrigado a procurar não só o seu grande amor, como também o grande amor de seu pai, mas a vida lhe mostra que nem todos estão predestinados a terem sua metade da laranja. Amores vem e vão e nada é perfeito e pode ser metodicamente premeditado. Além de efêmera, a vida está mais pra uma playlist em modo aleatório do que pra um disco de vinil com lado A e lado B.
Inclusive, previsível como um disco de vinil, "Meu álbum de amores"é dividido em capítulos como faixas musicais e mostra o sofrimento, a descoberta, a aceitação, o filho que rompe com a mãe e depois se reconcilia; a melhor amiga e eterna apaixonada, a ex-namorada que volta pra explicar porque o abandonou e a dúvida que todo mundo um dia tem se realmente seguiu pelo caminho certo ou não.
Aliás, o longa vem trazer ao público que essa temática de "grande amor", digna das músicas mais bregas do mundo, vem por água abaixo quando se descobre que a vida é feita de momentos, prazeres e amores que podem sim ser voláteis e estarem mais pra uma música de Tom Jobim que diz que tristeza não tem fim, mas felicidade sim do que pra um eterno romântico que ainda manda flores como Roberto Carlos.
Bom filme pra assistir num domingo à tarde.

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