Independente da crença ou religião de cada um, parece haver sempre um porta voz, o Escolhido, aquele alguém próximo de uma divindade que é a quem devemos ouvir e acreditar.
É dentro dessa lógica que Contatado, uma coprodução entre Brasil, Noruega, Peru e Venezuela, dirigido por Marité Ugas, e que estreia no próximo dia 13 de outubro nos cinemas, traz a história de Aldo, um ex profeta de Chilca, lugar que cultua disco voadores e extraterrestres, revisita todo seu passado ao conhecer Gabriel, um jovem que se diz à procura de seu pai que atravessou os portais para outra dimensão e que tenta convencer Aldemar a voltar a pregar para seus seguidores.
Morando numa casa em meio à demolição e vivendo de pequenos aluguéis e de bicos como guia turístico, Aldo se vê dividido em voltar àquele universo mentiroso ou seguir no anonimato e não se dá conta que Gabriel está mais é querendo tomar o seu lugar do que realmente ser só mais um profundo admirador de Aldemar e suas pregações.
O grande problema do filme está em como Aldo é facilmente levado por Gabriel, em como ele acaba ensinando passo a passo ou deixando que Gabriel o acompanhe sem se dar conta de que poderia estar sendo enganado e nos faz refletir e ter a certeza de que esses emissários divinos não passam de meros charlatões que usam da bela oratória para enganar seus seguidores.
Contatado dá voltas e não sabe onde quer chegar. Mostra uma relação fria entre Aldo e sua mãe que está num asilo, mas não conta como ela foi parar ali. Mostra que ele a todo momento se medica com gotinhas que a gente não sabe de onde vieram e o que elas fazem e deixa vários buracos no roteiro que só nos entrega uma personagem que, apesar de viril e de certa forma agressiva, aceita com passividade a tudo que lhe é tirado.
Até mesmo os pequenos tremores, que a gente não sabe se são fruto da demolição ou realmente pequenos terremotos, são produzidos com um balançar de câmera grosseiro e acompanhado de efeito sonoro amador que tiram a beleza do filme e a poesia que ele poderia ter.
Enfim, Contatado se perde na mensagem que quer passar e por outro lado, não abre o olho de quem acredita piamente nesses enviados do Senhor e só nos mostra que não há como fugir de ser enganado já que até mesmo quem recebe o sussurro divino ou extraterrestre o é.
Seguiremos acreditando que terremotos são sinais de bom agouro, que eles querem nos dizer alguma coisa e que só as dificuldades nos farão seres melhores (ou não).
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